Paraty é uma cidade charmosa. Não tem outra definição possível para ela. Localizada no Rio de Janeiro, na divisa com São Paulo, e com séculos de participação na história brasileira, é um destino interessante para acrescentar à sua viagem pelo sudeste do país. Foi o que fizemos em 2021. Nesse ano de pandemia, optamos por uma viagem mais tranquila, “perto de casa” e fomos visitar esse Patrimônio Histórico.
Preciso começar fazendo uma confissão: apesar de já ter ido três vezes para Paraty (em três décadas diferentes), eu sempre vou embora com a sensação que poderia ter aproveitado ainda mais. Isso porque a cidade histórica do litoral do Rio de Janeiro é cheia de encantos. E mesmo quando eu mal saí de dentro de casa (alou, Carnaval chuvoso de 2004!), ela conseguiu transmitir seu charme nas caminhadas pelo centro histórico. Então venha viajar comigo por essas diferentes estadias na cidade e descobrir o que fazer na cidade.
Patrimônio Mundial
Paraty sempre foi importante na história do Brasil. Em 1667, o rei de Portugal decretou que o povoado que estava na região seria elevado à categoria de vila. Assim surgiu a Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty. A cidade foi um dos principais portos do período colonial e por onde escoava parte do ouro extraído de Minas Gerais. Por isso, na chegada à cidade (e pela estrada Cunha-Paraty, caso essa seja a sua rota), você vai encontrar totens que indicam que ali passou a Estrada Real. O centro histórico de Paraty mantém mesma planta desde o século 18 e tem várias construções dessa época.
Por isso, em 2019, a Unesco declarou a cidade Patrimônio Mundial, junto com baía de Ilha Grande. A área, que reúne construções históricas, aspectos culturais e uma “diversidade biológica impressionante” (palavras da Unesco), é o primeiro sítio misto do Brasil a entrar na lista da ONU. Além das construções coloniais, Paraty tem ainda comunidades indígenas e quilombolas que completam as tradições culturais a serem preservadas na região. Mas vale dizer que esse reconhecimento da importância histórica não é de agora. Desde 1945, a cidade é um patrimônio histórico do Rio de Janeiro, e foi tombada pelo IPHAN em 1958.
O que fazer no centro histórico de Paraty
Paraty é uma cidade ótima para desacelerar. Não é permitida a entrada de carros no centro histórico, então é só colocar um tênis ou uma sandália (daquelas que prende no calcanhar) e se aventurar pelas ruas de pedra. Só evite mesmo ir de chinelo, porque aumenta a chance de tropeçar no calçamento chamado de pé-de-moleque (obrigada a todos os viajões que mandaram essa dica pra gente no Instagram!). Nós fomos de carro da nossa casa no meio da mata até a cidade, estacionamos ali perto (no estacionamento rotativo, onde deixam um papelzinho com o valor no parabrisa e você paga pela internet depois) e saímos caminhando.
Logo ao entrar na área, que é cercada por correntes, você já começa a encontrar lojas e restaurantes que ocupam os antigos casarões. Há ainda espaços de eventos, hotéis e, claro, casas particulares. Como toda cidade histórica, um dos pontos mais visitados é a Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios. Ela data do século 18 e foi construída no local de uma capela de 1646.
A poucos quarteirões dali, fica a Igreja de Santa Rita. Essa igreja, onde hoje funciona o Museu de Arte Sacra de Paraty, é o cartão-postal da cidade e foi construída no começo do século 18. Imagino que seja por causa da pandemia, ou talvez por termos ido no começo da tarde (para evitar os horários mais movimentados), mas a praça em frente à igreja estava vazia. Em 2004, tomei muito sorvete nas barraquinhas no entorno da igreja durante o carnaval que passei em Paraty. É dessa parte da cidade que saem passeios de barco.
Um outro local histórico fora do centrinho que pode ser visitado em Paraty é o Museu do Forte Defensor Perpétuo. Do alto do único forte que ainda existe na cidade, dá para ver a incrível baía de Paraty. O museu tem canhões e outras peças bélicas produzidas no Reino Unido e materiais usados na produção de açúcar.
Livros, cachaça, carnaval e muito mais
Desde a década de 1970, quando surgiram rodovias que facilitaram o acesso à cidade, Paraty passou a se considerar em um “Ciclo do Turismo” (depois dos Ciclos do Ouro, da Cana-de-açúcar e do Café). E um passeio comum na região é visitar um alambique. A produção de cachaça em Paraty data da época em que a economia do Brasil girava em torno da cana-de-açúcar. Mesmo se você não visitar um alambique, caso goste de cachaça, peça alguma da região nos restaurantes. Eu provei da Paratiana e adorei!
Falando em restaurantes, a gente não podia perder a chance de matar a saudade da Tailândia, destino de 4 das últimas 5 férias do Viajão. Fomos num restaurante no Centro Histórico de Paraty chamado Thai Brasil e a comida estava muito boa! Chegamos cedo para aproveitar o local mais vazio e, assim, nos sentirmos mais tranquilos no passeio.
Um dos eventos mais procurados em Paraty é a FLIP – a Festa Literária Internacional de Paraty. O encontro cultural acontece anualmente na cidade – então, se você estiver procurando um momento de calma, não vá nessa época! O evento costuma lotar e sempre conta com excelentes palestrantes.
A cidade também é um destino frequente no Carnaval, com seus blocos de rua e mascarados. Eu passei um Carnaval chuvoso em Paraty muito tempo atrás. Fiquei hospedada em um casarão no centro histórico e eu acho que essa sempre será uma das graças da cidade para mim. Ver como as coisas mudam, mesmo estando iguais a séculos.

Como chegar e onde se hospedar
Paraty fica na divisa entre Rio de Janeiro e São Paulo. É a primeira cidade fluminense para quem estiver vindo de Ubatuba (SP). Outro caminho possível é acompanhando a antiga Estrada Real, na estrada Cunha-Paraty. Essa via de pista única passa pelo Parque Nacional da Serra da Bocaina, o que garante belas vistas e trechos muito arborizados para compensar pelas muitas curvas. A cidade está na Costa Verde do Rio de Janeiro, a 100 km de Angra dos Reis e a 236 km da capital fluminense.
Em Paraty, há opções de hospedagem de vários tipos: dentro do Centro Histórico, no entorno do centrinho ou bem longe do centrinho. Cada um tem sua vantagem e sua desvantagem. Se for de ônibus e quiser ficar perto dos pontos turísticos, por exemplo, vale ficar no Centro ou perto dele. Já se for de carro, é importante considerar que você não poderá chegar com seu veículo até a porta do hotel, caso ele seja na parte histórica. Toda a região é linda, cheia de parques e cachoeiras, então se estiver procurando uma opção que permita se isolar, a região vale a visita (em qualquer década que for).
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