Hoje o Colaborões tem a presença do redator publicitário Bruno Leite, colecionador de cachecóis e de cantadas dignas de prêmios (mentira), que conta sua envolvente história em Paris. Uma história peculiar e uma lição de vida. Emocionante.

_________________________________________________________________________________________


Coxinha de Paris

27 de janeiro de 2006. Esta era para ser a data do meu primeiro encontro com Paris. Estávamos em 4 pessoas: eu, meu irmão, um amigo do meu irmão e minha mãe. Prontos para entrar no trem que saía de Bordeaux e nos levaria à cidade luz, embarcamos. Porém, minutos depois, o meu irmão percebeu que estava sem a sua carteirinha de estudante. E assim não poderia embarcar com o bilhete que havia comprado. Descemos e já não éramos mais 4, e sim 3. O amigo do meu irmão não nos viu descer e acabou se aventurando em um fim de semana sozinho em Paris.

Eu, meu irmão e minha mãe tivemos que ir apenas no sábado, dia 28. Ao sentarmos no trem, eu e mamãe começamos a nos indignar. Uma senhora que sentou na nossa frente com um cachorro olhava para a gente e balançava a cabeça de um lado para o outro em tom de reprovação. Xenofobia, falava minha mãe. E a véia continuava a nos reprovar. Por 3 horas seguidas. Foi então que percebemos que a querida e simpática idosa apenas tinha um tique.

Chegamos em Paris e, como turistas típicos, fomos direto à Torre Eiffel. Em seguida, bateu a fome. Fomos a uma panificadora e fizemos um lanche. Minha mãe pediu um sanduíche, meu irmão preferiu um croissant e eu fui de coxinha.

Chegou o sanduíche, lindo e quentinho. Chegou o croissant lindo e quentinho. Aquelas fumacinhas dos lanches alheios numa temperatura de zero grau só me davam ainda mais vontade de devorar minha coxinha. E ela veio. Mas sem fumacinha. Quando a senti em minha mão, estava gelada. Eu ia reclamar, mas a fome mandava eu dar uma mordida antes. Foi então que descobri que a coxinha de Paris nada mais era que um doce de coco.