Alô! Hoje é mais um dia com Colaborões! Na semana passada, o tema foi a nova atração do Harry Potter na Disney.

Já o nosso colaborão de hoje é o Bruno “Frango” Socher, um viajão marítimo. A seguir ele conta uma experiência bizarríssima como tripulante de um navio de cruzeiros.

Você já sonhou em trabalhar com isso? Então preste bem atenção no relato dele. Porque seus planos podem IR POR ÁGUA ABAIXO (tun tun tssss). Boa viagem 😉

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Vai embarcar? Tem certeza?

Essas foram as palavras da minha família quando eu decidi dar essa de viajão. Viajei total, tanto na feliz insana idéia de largar tudo, quanto na esperança de conhecer o mundo de “graça”.

Saí do meu doce lar com a promessa de ser Pool Boy. Passar o dia na piscina atendendo os passageiros, recebendo US$ 1300,00 por mês e com folga pra passear enquanto os passageiros também estivessem na boa vida!

Chegando lá, descobri que seria Crew Cleaner, quase a pior função do navio, ganhando U$S 600,00 e trabalhando das 7h às 19h, sem folga. Com um traje de borracheiro e já desanimado pra caralho xuxu, comecei a trabalhar.

Vivi, literalmente, em banho Maria por 42 dias. Sim, pois estava numa panela de aço, rodeado por água e num calor infernal lá dentro, já que trabalhava apenas no 3º e 4º decks do navio, área da tripulação, só vendo sol quando ia à popa ou proa, fugindo do trabalho.

Sem falar no fantástico dialeto napolitano “humilhador” de cada oficial. Alguns deles cheiravam mais farinha do que o tamanduá cheira formigas. Filipinos, Hondurenhos, Brasileiros e caras de Madagascar são culturas serviçais da vida Marítima.

Rio de Janeiro, Ilha Grande, Búzios, Angra, Punta Del Leste, Montevidéu e Buenos Aires eram meus destinos. Tinha uma hora de almoço pra conhecer cada lugar. No Rio, que por sorte já havia conhecido em outra oportunidade, a única vista que eu tinha do navio era a das zonas do meretrício.

Conheci Búzios pois fugi na hora do serviço. Ilha Grande, Angra e Punta, só vi de longe. Buenos Aires só vi a rua da Frente do Porto, e Montevidéu, essa sim, tive a sorte de um Over Night insano na capital Uruguaia (talvez conte numa próxima).

Nas idas e vindas, rolou um tufão que foi bem ao som de Mc Buiu em “Ela balança mas não para”. Eu vi aquela coisa afundar, mas sobrevivemos bem com o chacoalhão.

Além disso, festas nas cabines e a parceiragem do povo. Quem trabalha no restaurante “rouba” comida, e quem trabalha no bar, bebida, para ter uma vida melhor nos porões! Depois de 12h ainda arranjam um tempo para um pagode de cabine (20 pessoas ou mais em uma cabine, com banheiro, de 2.5m x 2.5m) e sorriso na cara.

O lucro? Voltar pra casa e a vontade de trabalhar para conhecer o mundo às minhas custas. O preju? Ter que encarar uma de filho pródigo e 10 kg a menos na balança.

Muitos se fazem nessa vida, a experiência foi válida, mas não é o meu conselho pra ninguém! Tenho admiração por quem consegue.

E ae? Pensa em embarcar?

Abraço,

Bruno Frango

PS.: Quem nasce em Madagascar é?

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MadagasCAGÃO, Frango? auhahuAHUahu Essa experiência foi cruel! Brigadão por ser o colaborão da semana! 🙂

E você, viajão, também pode publicar sua história aqui! Basta escrevê-la para souviajao@gmail.com. Aproveita pra enviar algumas fotos também, ok? Tamo esperando!