O Colaborões de hoje está em clima de Ano Novo, já que semana passada demos uma prévia do Natal, néam? Uhull, 2011 tá chegando! Você aproveitou bem este ano?
A colaborona da vez é a Renate Krieger, jornalista e que mora na Europa há um bom tempo. Ela nos conta como é o “reveillon” na Turquia! Mega interessante, se liga e boa viagemmmm! 😉
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Que eu me lembre, nunca passei o Ano-Novo dormindo (Réveillon esquecido da infância não conta, né?), mas até poucos anos atrás as minhas passagens de ano nunca tinham sido lá muito inusitadas ou exóticas.
(Se bem que esse tipo de adjetivação também depende do lugar onde se está – para um europeu, pelo que sei, é o máximo imaginar passar o Ano-Novo na praia, por exemplo, e esse negócio de vestir branco o pessoal também não conhece muito lá no hemisfério Norte).
Bom, o Ano-Novo mais diferente que eu já passei foi o de 2006 para 2007, em Istambul, na Turquia, e a viagem que fiz pra lá já estava com gostinho amargo de despedida – fui com três dos meus melhores amigos. Na altura, morávamos em Paris, e em 2007 a vida já ia se encarregar de nos espalhar pelo mundo.
Ou seja: Pablo e Ana, um casal de argentinos, voltaria a Bariloche; Céline estava de malas prontas para morar no Marrocos durante um ano; e eu deixaria a minha amada Torre Eiffel para trás – e tudo o mais (baguettes, queijos, vinhos, doces e o meu lado “bon vivant” – para viver em Bonn, na Alemanha, e trabalhar na Deutsche Welle (onde, este ano, conheci o Xóia, tchanan!).
O plano era então passarmos, mesmo, o nosso último Réveillon num lugar inusitado. Foram só cinco dias, mas foi pra lá de bão.
Acho que o episódio mais diferente que vivemos foi na noite de Ano-Novo, mesmo. Primeiro, reservamos uma ceia de Réveillon no Metropolis Hostel, no qual ficamos hospedados, no bairro Sultanahmet, que é mais novinho e fica perto do centro histórico.
Só um adendo: o quarto era de 4 pessoas, banheiro compartilhado com o resto do hotel e nem sempre era uma alegria ir tomar banho no FRIO, mas aquele beliche tinha o MELHOR TRAVESSEIRO no qual já dormi, mesmo com os chamados para as preces às seis horas da manhã. Fiquei com vontade de roubar.
Enfim, a ceia consistia de dois pratos, um deles um guisado de carneiro servido numa jarra de barro, e o garçom vem na sua mesa com um facão estilo espada para cortar o gargalo da garrafa. Fantasticamente delicioso, com arroz. O outro era um guisado de frango com legumes, muito bom também, mas não teve a aparição estelar do carneiro.
Saímos rolando do hostel depois de perguntarmos ao garçom qual era a boa da noite. Dispensamos a sugestão dele, de ver odaliscas no restaurante. Não deixei de reparar na cara meio desconfiada do garçom quando dissemos que íamos à Praça Taksim, no centro da cidade. Ele falou para tomarmos cuidado, mas só depois entendi exatamente.
A festa na Praça Taksim é super animada, a cidade inteira vai pra lá, e é bonito ver famílias inteiras, mulheres com carrinhos de bebê. O momento do Ano-Novo foi lindo também, muitos fogos de artifício, gritaria e comemoração – por outro lado não rolou muita interação, a festa é meio cada um por si, mesmo.
A uma certa altura, porém, o pessoal começa a despirocar um pouco mais. Não esqueço de um moço completamente empolgado dançando no telhadinho de um ponto de ônibus, balançando ao ritmo frenético de uma música tecno (batida que tocou durante a noite inteira por lá, aliás).
O problema para as mulheres descobertas é que a galera vai passando a mão na retaguarda das
ocidentais. Aconteceu comigo, com Céline e com Ana. Ficamos meio revoltadas porque não era uma passada de mão qualquer, foi coisa de você dar pulos pra frente de susto. E depois perguntaram pro Pablo por quem ele estava acompanhado, querendo tirar um sarro. Ele, na maior tranquilidade: “das três, oras. É o meu harém”.
No final, resolvemos voltar ao hostel, que tem um barzinho no porão, e fumamos Narguilé. Devo ter escrito alguma coisa nas paredes já cheias do local, para que Istambul não nos esquecesse – assim como não esquecemos Istambul.
E, para quem quiser dicas para visitar a cidade, a primeira é negociar, negociar, negociar – nos mercados como o Grande Bazar ou o mercado egípcio, de temperos, ou até para arranjar um guia no palácio Topkapi (vale a pena visitar com guia porque é muito grande).
Se for comprar lembranças para o pessoal de casa, uma dica boa são as lâmpadas de vidro, muito lindas (negocie o preço porque o pessoal lá chuta alto para conseguir um preço justo). E não entre numa negociação se não tiver lá muita certeza, você pode perder uns 15 minutos do seu dia dizendo que não quer o produto – apesar de, em Istambul, pelo que me falaram, os vendedores serem menos agressivos que no Marrocos, por exemplo.
Para além do circuito turístico (Hagia Sofia, Mesquita Azul, Palácio Topkapi, Palácio Dolmabahce, mercado egípcio, Grande Bazar, cisterna na parte central da cidade), eu recomendo um passeio pelo Bósforo – de BALSA, não de barquinho turístico, sai MUITO mais barato. Além disso, basta olhar os horários, a balsa te leva também para o lado asiático de Istambul, a cidade em dois continentes. Olha lá o Mar Negro:
Nos dias que passei em Istambul, chorei por não ter podido visitar a parte europeia da cidade. Eu tive que voltar pra trabalhar em Paris, mas meus amigos ficaram, e disseram que rola um contraste bastante grande com a parte mais “oriental” de Istambul. Mas foram dias de muita comilança, falação de besteiras, chás de menta e deliciosos cafés turcos. Foi uma despedida digna que me deu vontade de voltar logo. De preferência, com os amigos de Paris, para um também digno “revival”.
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Valeu Frau Kriegerrrr! Altas experiências em Istambul, com direito a ASSÉDIO e travesseiros quase roubados! aHUahuAHUahuAHU Brigado por tirar um tempo das suas férias no Brasil pra ser uma colaborona por aqui.
E você, caro viajão, também pode contar uma experiência maluca em qualquer lugar deste mandão. Manda sua história pra souviajao@gmail.com e também seja um Colaborão! 😉
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