Terça é dia deeeee… (todos em coro) Colaborões!!! Então, caro viajão, quem nos conta a história de hoje é o jornalista e diretor de documentários Diego Lara Maceiras. O cara morou um mês em Havana, a capital cubana (purfa, eu não via a hora de poder escrever “Lança Cuba Cuba Lança”, obrigado). O Diego tava lá pra estudar e coisa e tal. Sentiu na pele o que é ser enganado! Aproveite a viagem junto com ele e se ligue numa coisa: não acredite no primeiro mané que vier com ladainha pro seu lado. Ele pode não aguentar e beber leite. Duvida?
Cuba lança enganadores!
Estar em Havana é exercer a incrível arte de ser enganado o tempo todo. Por mais que você ouça histórias e relatos sobre a capital Cubana, aqui, o pau pega muito mais. Por todos os lados que caminhamos nos sentimos observados e, em alguns momentos você está SIM sendo observado! Por policiais ou malencarados…
Eu tive o desprazer de passar por situações escrotas nessa cidade – que nem se comparam com os belos momentos – mas, que no fundo, me deixaram com uma pulga atrás da orelha.
Na minha primeira tarde, um tipo bem esfarrapado colou em mim e veio perguntando de onde eu era. Por mais que eu soubesse da suposta segurança na cidade, eu sempre conto com meu tamanhinho avantajado para impor uma “certa” segurança. O rapaz, um tal de Camilo, veio com um papo que ia rolar um festival de salsa na cidade e me pediu um papel para escrever as direções.
Obviamente eu não ia abrir uma mochila carregada de equipos na frente de um malaco e então, sem pestanejar fui arrastado para um boteco onde o mano ia escrever o endereço. Não deu outra! Ofereci uma cerveja!
Ele negou solicitamente e falou que não desejava uma cerveja. O que Camilo queria era leite!
Cara, é impossível negar leite para alguém quando você está com uma lata de cerveja na mão. Eu, como um patinho, me ofereci para comprar um saquinho do liquido branco e quando vi, estava no meio de um esquema que iria me tomar quase 50 reais! Sério! Cinquentinha para o leite da semana…
O que rola é o seguinte! Mensalmente o governo te dá uma cota de leite (3 ou 4 pacotes) dependendo de quantas crianças vivem em sua casa. No caso do mano, eu sei lá se existia uma criança mas, fiquei com dó do pobre coitado que implorava por comida. Quando eu me toquei da parada falei “Não, não! Devolve o leite ai…” e ele disse que não, que precisava e, de quatro sacos de leite em pó e, depois de muita negociação, reduzi minha ajuda humanitária para um misero saco – e a brincadeira foi de vinte e quatro CUCs para “apenas” oito.
Seguinte, o Fidel, num ataque de genialidade política instituiu que no país teriam duas moedas. Uma – o tal do CUC ou Peso Conversível – para os turistas, com uma cotação de quase um pra um com o euro, e o Peso Cubano para o povão. Basicamente um CUC vale algo em torno de 25 Pesos Cubanos e, um cubano que trabalha o mês inteiro recebe em média 12 CUCs.
Descobri isso tudo vivendo com um cubano por duas semanas…
E foi naquela tarde que eu me toquei que para viver em Havana como um turista (que tem sempre um alvo nas costas) você deve simplesmente aprender a falar “No comprendo!” ou andar com fones de ouvido o tempo todo.
Isso não generaliza o que você vai encontrar nas ruas da cidade mas, o centro turístico – que ironicamente fica ao lado de uma parte onde a pobreza é o atrativo – acaba sendo o reduto de quem tem medo de se arriscar nas outras bandas da cidade.
É horrível a sensação de que todos estão sendo legais com você simplesmente por mero interesse mas, isso meus amigos, não é um padrão! Aqui encontrei pessoas sensacionais que me ensinaram desde como fazer um nó de marinheiro novo até os padrões básicos da Santeria. Entrei em festas comunitárias convidado pelos organizadores e vi que, por mais que as pessoas não tenham certas coisas, boa parte delas tem o necessário para viver.
Uma coisa que eu achei bizarra demais é que, faz poucos meses, o governo criou a possibilidade do povo empreender novos negócios para tentar combater o desemprego crescente na ilha. Isso, criou uma nova linha de pensamento baseado na concepção de serviços para –basicamente- atender o turista.
Agora a missão de Cuba é tentar crescer e não ficar para trás em um mundo que vai para todos os lados e para lugar nenhum. Vivendo aqui esse mês, tendo morado em casas de cubanos, tendo vivido enclausurado com um local, conversando sobre tudo – desde preconceitos até tecnologia de guerra – sou obrigado a parafrasear um grande amigo do passado “Você pode andar seguindo o fluxo mas, tem o direito de ir de marcha-ré!”.
Cuba é isso! Um país que ficou para trás e, dentre tantas vitórias que são amplamente divulgadas, ainda apresenta um grande caminho pela frente – como quase todos os países – para poder dar uma vida digna para seus habitantes.
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E então, caro viajão? Promete não se deixar enganar quando visitar Cuba? Aproveite e também seja um Colaborão. Mande sua história de viagem (qualquer uma, juro) para souviajao@gmail.com e veja sua vida DAR UMA GUINADA após aparecer nessa seção risos. Tam’esperando, viu?
Sensacional!! Ótimo texto e fotos! Depois quero é saber desse curso de cinema que deve ter rolado…