Um lugar que fica a mais de 5.000 metros de altitude não é fácil de se chegar, né? Então, já sabendo disso, prepare-se para encarar um dos maiores desafios da sua viagem (ou da sua vida?). Vou te contar como é subir a Montanha das Sete Cores, no Peru.

O sorriso amarelo para disfarçar o cansaço a mais de 5.000 metros de altitude

Ela é linda, sim. Mas não é só isso. Todo o percurso até lá no alto é recheado de paisagens maravilhosas.

Em que momento fazer esse passeio

Essa aventura incrível fez parte do nosso roteiro de 14 dias no Peru e, acima de tudo (sem trocadilhos), é importante saber que deixá-la para fazer mais no fim da sua estadia em Cusco é essencial. Isso porque seu corpo precisa estar mais aclimatado à altitude extrema. Hospedar-se em Cusco já é um “treino” porque a cidade está a 3.500 metros de altitude (lembre-se que você ainda vai subir mais 1.500 metros além disso).

Enfim, na nossa viagem, deixamos a Montanha das Sete Cores (ou também conhecida como Montanha Colorida) como a nossa última atividade mais radical em Cusco. Preferimos começar por Machu Picchu, dois dias antes, já que não fica numa altitude tão extrema assim. E, no dia seguinte, fizemos a subida até a Lagoa Humantay (a 4.200 metros de altitude).

Ah, e recomendo que você faça esses passeios entre os meses de maio e agosto, já que são os mais secos no Peru e você praticamente não terá chuva, nem céu nublado, e é quando as cores da Montanha ficam mais fortes e vivas!

Reservando a aventura

Obviamente, você pode reservar esse passeio pela internet, antes de embarcar para o Peru. Vai achar muitas opções e preços. Mas, se eu fosse você, deixaria para reservar lá em Cusco mesmo, como fizemos. Na Avenida El Sol, no centro da cidade, existem inúmeras agências de viagem que oferecem não só essa atração, como diversas outras. Você pode entrar em várias, elas ficam uma ao lado da outra e pechinchar bastante.

Só pra se ter ideia, no início da nossa busca pelas ruas de Cusco, encontramos esse passeio por até 100 soles (R$ 150,00, na cotação de agosto de 2024) por pessoa. Pesquisando em mais umas três agências, conseguimos fechar por 70 soles (R$ 105,00) por cabeça! E ainda incluindo uma outra atração no meio do caminho, o incrível Valle Rojo – o Vale Vermelho.

O Valle Rojo também é inacreditável

Como funciona o tour que também inclui o Valle Rojo

Antes de mais nada, é bom saber que, independentemente da agência onde você fechar o passeio, a experiência é praticamente igual para todos os turistas. Uma van com um guia vai pegar você no seu hotel, por volta de 4h30 da manhã. Depois, faz-se uma viagem (não muito confortável pois van) de umas duas horas até uma parada num local para o café da manhã. O lugar onde paramos era imenso e cheio de mesas, com um buffet grande e dezenas e dezenas de grupos diferentes chegando e saindo e correndo e comendo e bebendo chá de coca e tomando café e se empurrando… enfim, um agito grande em pleno começo de manhã.

Aí, depois do café (que dura uns 40 minutos), seu guia vai chamar o seu grupo para voltar para a sua van e seguir viagem. O nosso nos deu folhas de coca durante o trajeto para irmos mascando – os incas já diziam que mascar essas folhas (e beber o chá) ajuda a mitigar os efeitos da altitude extrema no organismo. Então, depois de mais uma hora e meia mascando folhas, chega-se ao ponto onde se inicia a aventura em si.

Enfim, prontos para começar o perrengue a aventura kkk

Aliás, durante a última etapa da viagem, nosso guia perguntou quem de nós gostaria de subir um trecho usando quadriciclos. Como já estávamos bem cansados de duas aventuras radicais nos dois dias anteriores beeem acima do nível do mar, decidimos usar esse artifício pensando que o esforço seria quase zero. Ledo engano kkk

Atenção!

Recomendo que você só reserve os quadriciclos na hora, com o seu guia, na van mesmo. Dessa forma, nós pagamos 160 soles (R$ 240,00) por veículo, onde vão duas pessoas. Bem mais barato do que a mulher da agência queria nos cobrar quando reservamos o passeio: 380 soles (R$ 570,00) por dupla. Um absurdo a diferença, né?

Subindo o primeiro trecho de quadriciclo

Assim que a van para, quem opta pelos quadriciclos é deixado num local para pegar os veículos e receber um treinamento rápido. Depois de cinco minutos, somos orientados a começar a subida em duplas, por um caminho de terra recém-revirada. Inclusive, é importante saber que essa subida usando quadriciclos em direção ao Vale Vermelho e à Montanha das Sete Cores é nova. Começou a operar em julho de 2024!

O trajeto de subida é bem sinuoso, cuidado! Inclusive, eu tombei para trás nosso quadriciclo, derrubei a Marina que estava na garupa e deixei ele em 90 graus, em pé hahaha. Não nos machucamos, ainda bem! Mas foi um leve susto já no início do percurso. Recebemos todo o auxílio do pessoal que organiza os veículos, até nos deram um maior e mais robusto depois do acidente.

Novidade: trilha de quadriciclo foi inaugurada em julho de 2024

Após uns 20, 25 minutos passando por caminhos com paisagens lindíssimas de montanhas vermelhas, o trajeto de quadriciclo termina. Hora de estacioná-los, sempre orientados por verdadeiros “anjos” que trabalham ali fazendo isso todo dia. E, então, chega a hora de começar a subida a pé.

O caminho a pé até o Valle Rojo

Essa segunda etapa da subida, a primeira a pé, demora uns 25 minutos. E aí você vai começar a sentir os efeitos da altitude extrema, afinal, já estará a mais de 4.000 metros de altitude. O cansaço é imenso durante a caminhada, mesmo que a passos lentos. E o caminho, por muitas vezes, é estreito e à beira de ribanceiras de terra e areia – o que pode ser um problema para quem tem medo de altura.

Nesse ponto, as trilhas são estreitas e ao lado de ribanceiras de terra

A todo momento, os “anjos” chegavam para ajudar quem ia ficando mais para trás ou parando muito ao longo da caminhada. Enfim, o Mirante do Valle Rojo aparece logo à frente e uma paisagem inacreditável surge junto.

Um conjunto de montanhas vermelhas ao longe, lado a lado, e você vendo tudo de um lugar privilegiado, a exatos 5.045 metros de altitude. É um pouco estranho pensar que se está esse tanto acima do nível do mar!

Um cavalo, para qualquer emergência, aguardando a 5.045m de altitude

Enfim, como é subir a Montanha das Sete Cores, no Peru

Agora, sim, chegou a hora de ir até a Montanha Colorida. Mas ainda falta uma caminhada, a partir do Valle Rojo, de mais uns 25 minutos. E o curioso é que você vai descer um bom pedaço e, então, subir de novo. Essa última etapa é mais cansativa ainda, estando a mais de 5.000 metros de altitude. A respiração fica mais rápida, o coração bate muito mais acelerado e uma leve dor de cabeça pode começar a ser sentida.

“Anjo” Merli ajudando nos efeitos da altitude ao dar um floral com dez ervas para inalarmos

Mas, de repente, ela surge, parecendo um arco-íris em forma de uma imensa pedra, e o possível mal-estar da altitude, conhecido por Soroche, some. E uma curiosidade: ela está a 5.035 metros de altitude, ou seja, 10 metros abaixo do Vale Vermelho.

Céu azul e sol ajudam a deixar as cores mais aparentes

A Montanha das Sete Cores tem todos esses tons diferentes por conta da oxidação de diferentes minerais e tem a ver com a erosão desses minerais e com a umidade que existe ali.

O visual é maravilhoso e venta bastante ali no alto. Por isso, a indicação é usar uma touca ou um gorro que cubra as orelhas. E o ideal é não ficar mais que meia hora nesse ponto.

A chegada à Montanha das Sete Cores, no Peru
Logo depois de vencermos o esforço extremo: alegria de chegar ao topo \o/

Dica

Faça suas fotos mais distante da Montanha, elas ficam melhores e você evita a aglomeração que se forma mais perto dela. Inclusive, se tiver fôlego e pernas ainda, suba até um ponto ainda mais alto que fica bem em frente à Montanha. Vale a pena vê-la de um lugar ainda mais privilegiado.

Hora de descer

Nós só descemos depois de quase uma hora ali no alto. Não pense que o caminho inverso, descendo, é mais fácil. É que nessa hora, começamos a sentir os efeitos da altitude extrema no corpo: dor de cabeça mais forte e enjoo, parecia uma ressaca forte. Leve um analgésico para dor de cabeça nesses passeios, vale a pena tomar para não ficar sofrendo de dor e mal-estar.

Enfim, depois de uns 40 minutos, também contando com a ajuda dos “anjos” Merli e Luís, finalmente chegamos ao local onde os quadriciclos ficaram parados. Aí, foi só embarcar neles e finalizar a aventura descendo a estrada sinuosa, bem devagar e freando para evitar acidentes de novo kkkk, durante mais uns 20 minutos.

Valeu a pena?

Entrar na van para ir embora, depois de uma aventura dessas, dá alívio por ter chegado lá e se superado. Mas também surge dúvida: será que eu aproveitei o suficiente e admirei o tanto que eu devia esses lugares tão lindos? Confesso que curti o máximo que eu pude e que as chances de repetir esse tour um dia são bem remotas. Foi uma das aventuras mais incríveis da minha vida. E você, encararia?