Hoje é dia de contar história! A história de como os americanos aprenderam a comer tão mal… Maldade falar assim em Nova York, logo a megalópole mais bem servida de restaurantes de todas as cozinhas mundiais e opções gastronômicas sem fim… Mas foi justamente lá que encontrei uma exposição que conta direitinho sobre os hábitos alimentares duvidosos dos americanos, a exposição chamada Lunch Hour ainda está rolando por lá, até 17 de Fevereiro, na Biblioteca Pública. Uma fast-food passada pela linha do tempo e tudo vai fazer sentido agora:
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Americano que é americano come ovos e bacon de café da manhã e um lanchinho básico no almoço, né mess?? É muito comum ver pessoas nas praças com seus sandubas ou ainda andando, pegando o metrô ou os táxis… Esse hábito, que hoje define o estilo de vida americano, foi estabelecido e fortaleciado ao longo do tempo, comandado pela lógica do “Time is money” e por isso mesmo chamado de “Quick-Lunch”.
Final do século XIX: No ritmo da sociedade moderna e industrial, a vida em Nova York era ditada por três palavrinhas que meus amigos do futurismo podem ajudar a lembrar: tempo, velocidade e eficiência. Assim, as refeições originalmente baseadas na vida rural das famílias inglês, antes chamadas “jantar no meio do dia” a essa altura já eram conhecidas como “lunch”. O mais importante na hora do lunch break – veja bem, era só um break – não era o que comer, mas o quão rápido fazê-lo… tudo controlado pelos primeiros “cartão-ponto” da história!
Nesse tempo os salões eram ocupados pelos patrões, executivos e burgueses; trabalhadores da classe média gradualmente mudaram a geografia da cidade ao se mudar para mais perto do trabalho e almoçavam em casa, enquanto os operários ficavam com suas marmitas do lado de fora mess…
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Os primeiros salões separavam também os ambientes entre homens e mulheres… negros e brancos… fumantes e… fumantes!
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Já perceberam que minoria que é minoria sempre teve tratamento especial nos EUA, neam??
1912: The Automat: A evolução chegou!
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Uma das maravilhas da américa são as máquinas automáticas, especialmente as de café, que te fazem aguentar o tranco na firrrma.
Mas não era só pra café não… Imagine você uma máquina automática de comidas!!! OK, nos “bastidores” a “tecnologia” se resumia a um bando de moças abastecendo as gavetinhas do lado de lá do balcão…
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Anos 30-50:
A modernidade definitivamente chegou para todos… !!!
Nessa época já existiam “Automat restaurants” por toda a cidade, assim como cafeterias. Todos já estavam dependentes deles e até quem não tinha um tostão furado se lambuzava com o katchup grátis e água quente – olha que dava uma bela sopa hein!
O próximo passo foi o famoso “self-service”, outra grande inovação dos tempos modernos que nos ensinou a comer “em linha de produção” e nos acompanha ate hoje!
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As casas iam cada vez mais para os subúrbios, New Jersey e afins, o que obrigava os trabalhadores a comer pelo centro mess. Nessa época também se popularizavam opções icônicas da cidade, como os Frankfurters, ou cachorros-quente de rua, além dos sanduíches e tudo que se pode pedir “pra viagem”.
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Mas na época da grande depressão, o governo aconselhava a população a “conter os gastos domésticos” e voltou a incentivar que as refeições fossem feitas em casa… Além de populares publicações de receitas econômicas, os jornais ensinavam como obter menus completos a refeiçoes por 10 centavos de dólar…
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Deve ter sido este hábito o responsável pela imagem da clássica cozinha americana mais tarde nos anos 50. “Moderna” e equipada com os melhores apetrechos do american-way-of-life, a cozinha trazia novíssimos eletrodomésticos e populares livrinhos de receita, super amigos das donas de casa perfeitas, que esperavam os maridos no fim do dia, cheirosas e penteadas, não sem a pequena facilidade dos enlatados. No Brasil uma faceta semelhante pode ser chamada de “cursinho Walita” de boas esposas.
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Pois é, mas não demorou muito pra pressa e o business falarem mais alto, apareceram as máquinas automatizadas de verdade, influências de todos os cantos e gostos do planeta que estão aí até hoje. De China Town a Little Italy, um pouquinho da India, muitos Kebab’s e Barbecues… Fast-foods se espalharam mais que pastéis chineses e hoje são um modelo de negócio altamente replicável…E foi assim que eles (e nós) aprenderam a comer cada vez mais rápido, mais mecanicamente e com menos ritual e gratidão ao alimento, com menos preocupação com a comida em si… Mas sempre com pressa, muita pressa… gordura, colesteroal e as crianças – que no século XIX nem recebiam lanche nas escolas – são hoje as mais obesas do mundo!
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Na contramão, aparecem movimentos como a cadeia Whole Foods, mercados, feiras e restaurantes de orgânicos, mas isso fica pra outro post… porque hoje já esgotei minhas calorias…
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