Eu vou tentar abraçar o mundo nesse texto. Esse post é um pouco sobre como escolher um hostel para se hospedar, um pouco sobre fazer amizades temporárias na viagem, e um tiquinho sobre beber em viagens. E não, uma coisa não tem necessariamente a ver com a outra. Foi pura coincidência. Mas quando se tem a chance de jogar ‘Sueca’ na Suécia, eu comecei a dar risada aceitei. Mas deixa eu começar essa história do início.
Fui pra Estocolmo, na Suécia, pela primeira vez em 2018 (ainda não voltei, mas estou manifestando essa vontade desde já). A cidade era uma parada conveniente, já que eu queria visitar o máximo de capitais possível pela Escandinávia, queria viajar de trem, e estava na Noruega. Só que a cidade é linda, cheia de atrações interessantes, e eu me encantei profundamente. Parte desse amor todo pela cidade veio do hostel onde me hospedei, que tinha de tudo pra eu me sentir em casa.
Como escolher um hostel
Essa história só aconteceu porque eu estava hospedada em um hostel, que, apesar dos muitos estilos atuais, ainda atrai uma maioria de hóspedes jovens. Nesse em Estocolmo, em particular, tinha muita gente viajando sozinha. E eu era uma dessas pessoas.
Eu costumo seguir três critérios para escolher o hostel: localização, tipos disponíveis de quarto e avaliações dos hóspedes. O Stockholm City Backpackers estava perfeitamente localizado – a algumas quadras da estação central de trem, o que era ótimo, pois eu iria tanto chegar à cidade quanto ir embora de trem. Parecia bem limpo e arrumado, tinha um adicional razoável para o café da manhã e tinha macarrão grátis na cozinha tinha excelentes avaliações. Até abri mão de ter banheiro dentro do quarto para poder me hospedar nele, que tinha sido eleito o melhor hostel da Suécia na votação do Hostelworld (a lista do Hoscars é uma das minhas fontes de consulta favorita).
Esse hostel tem duas áreas de convivência: uma pública e uma para hóspedes. Foi nessa segunda que encontrei o grupo de viajantes solo do pub crawl da noite anterior. E onde decidiram jogar Ring of Fire – um jogo que todo mundo conhecia, menos eu, aparentemente. E saímos para comprar bebidas para o jogo.
Venda de álcool na Suécia
Cada um de nós voltou do mercado com uma bebida diferente. O que todas elas tinham em comum era o baixíssimo teor alcóolico. Isso porque, na Suécia, só é permitida a venda de cerveja, vinho e cidra com até 3,5% de álcool nos supermercados. Para bebidas mais fortes, é preciso ir em uma rede específica que só funciona até as 19h. E tem que ter mais de 20 anos para comprar bebidas no país (mas mais de 18 para beber nos restaurantes).
Por isso, foi bem fácil para todos nós seguirmos a regra número 1 ao viajar sozinho: não beba demais. Um jeito garantido pra isso é nem beber (e se esse for seu caso, pode pular pro próximo parágrafo). Mas se você gosta de degustar as bebidas na visita a uma vinícola ou uma cervejaria e de experimentar drinks locais, vou repetir: se estiver viajando sozinho, não fique bêbado. Aliás, mesmo se estiver acompanhado, é bom lembrar que há países com regras severas sobre embriaguez em público. Os EUA são um deles. Na Finlândia, podem recusar sua entrada na balada se você estiver bêbado.
E vou relembrar aquelas dicas básicas (que, infelizmente, as mulheres costumam já conhecer): não aceite bebidas de estranhos; não deixe seu copo desacompanhado; também não deixe um desconhecido cuidar do seu copo; fique de olho quando o bartenter estiver servindo a bebida; e conheça seus limites.
Pareço exagerada, mas até hoje, não encontrei ninguém viajando sozinho (ou mesmo em grupos) que não adote essas práticas mesmo sem perceber. Talvez por isso, os amigos temporários de hostel se sintam confortáveis uns com os outros – porque todo mundo presta atenção aos limites.
Caso você queira jogar Sueca na Suécia
Até aquele momento, eu não fazia ideia que Sueca era um jogo tão popular ao redor do mundo. Juro. Tanto que demorei pra entender qual jogo era. Minha lembrança de Sueca era de ser um drinking game com baralho em que cada carta tem uma regra – e que sempre demorava demais pra decidir o que cada uma seria.
Para a minha surpresa, todos os envolvidos – ingleses, italianos, alemães, americanos e australianos, no caso – conheciam Ring of Fire. Nessa versão, você faz um círculo com as cartas viradas para baixo e não pode romper o círculo ao virar as cartas. Eu me preparei para demorar uma hora até essa galera internacional chegar num consenso, mas não. Todos eles usavam as mesmas regras para as cartas – inclusive com rimas para ajudar a lembrar (exceto pelo Ás – ace, waterfall – que é uma das inéditas em relação ao Brasil. O primeiro começa a virar a garrafa e aí quem está ao lado e por aí vai, em cascata. Só pode parar quando a pessoa ao seu lado parar.)
O jogo durou algumas horas e eu ri como se estivesse na sala de casa. Confesso que não mantive contato com nenhuma das pessoas que conheci nesse hostel em Estocolmo, mas por três dias – e um jogo de Sueca – fomos ótimos amigos.
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