Uma cidade medieval, que já foi ocupada por finlandeses, russos, noruegueses, dinamarqueses, alemães, e que te deixa com a sensação de estar nos anos 1980. Assim é Tallinn, na Estônia. A cidade fica no Golfo da Finlândia, no Mar Báltico, e tem até um licor local – o Vana Tallinn! É um daqueles destinos para desacelerar. Mas como muita gente vai para Tallinn como passeio de um dia a partir de Helsinque, a gente separou os destaques da cidade.

Vista a partir da Catedral St. Mary em Tallinn
São só uns oito séculos de história para conhecer…

Old Town

A maior parte das atrações de Tallinn está em Old Town, que é dividida em cidade baixa e cidade alta. Essa área foi construída entre os séculos XIII e XVI, e tem praticamente o mesmo “mapa” da época. Por isso, a cidade baixa é Patrimônio Histórico da UNESCO e considerada uma das cidades medievais mais bem preservadas da Europa.

Town Hall Square, a praça central de Tallinn
O prédio branco é a farmácia mais antiga da Europa. Nos outros, vende-se café e chocolate, o que é remédio para outras coisas…

Comece na praça central, a Town Hall Square, e se perca circule pelas vielas de paralelepídos. Na praça, há vários restaurantes e cafés – e a farmácia mais antiga da Europa, em operação desde 1422! Essa praça fica a uma subidinha da “entrada principal” do antigo muro e é possível visitar algumas das torres. Um dos acessos fica no noroeste da cidade (coloque Nunnatorn no GoogleMaps). Nesse ponto, custa € 2 para entrar e você pode caminhar entre três torres. Um outro acesso é pela Maiden’s Tower, um misto de museu e café que fica no caminho entre a cidade baixa e a alta. A entrada custa € 3.

Rachel na muralha de Tallin, na Estônia
Um café e uma viagem até o século XIII na Maiden’s Tower

Túneis de Tallinn

Do lado da Maiden’s Tower, fica a imperdível Kiek in de Kök. Essa era a torre dos canhões, então até faz sentido que hoje seja um museu bélico (custa € 6). Além disso, dá acesso a uma das coisas mais curiosas que já visitei: as Bastion Passages. São túneis de guerra construídos por volta de 1670 que eram usados para ir escondido de uma torre a outra.

Só que eles foram usados ao longo dos séculos de várias formas diferentes, inclusive como ponto de encontro da juventude punk e como abrigo antibomba durante as Guerras Mundiais. Recentemente, foram transformados em uma “linha do tempo” de todos esses usos. E é incrivelmente bem mantido (e frio e escuro…). Só dá para conhecer o espaço em um dos tours agendados. Na recepção do museu, eles informam o próximo horário disponível. Custa € 9, mas tem desconto se comprar a entrada do museu e dos túneis junto.

Bastion Passages são túneis embaixo de Tallinn
Acho que é um dos museus mais curiosos que já vi!

Pausa para o almoço: comida típica na Estônia é carne de porco e batata. E cerveja local, claro. Bem pertinho da Kiek in de Kök fica o restaurante Pööbel, que é bem gostoso e tem uma carta de cervejas gigante!

Toompea

Depois, siga para a parte alta da cidade velha, conhecida como Toompea. Sempre foi a área dos governantes e o antigo palácio é hoje a sede do Parlamento da Estônia. Bem em frente, fica a Catedral de St. Alexander Nevsky, construída durante o império russo, em 1900. Embora tenha um passado ligado a opressão religiosa, a construção foi mantida e é realmente deslumbrante.

St. Alexander Nevsky Cathedral em Tallinn
A Catedral St. Alexander Nevsky pode ser vista de vários pontos de Tallinn

Outra catedral que existe em Toompea é a St. Mary, ou Doom Church. A entrada custa € 1,50 e, além de ser super bonita por dentro, dá para subir (e subir, e subir) até a torre do sino. A vista da cidade é incrível e vale a dor nos joelhos.

Antes de voltar para a cidade baixa para uma cerveja local (eu cismei com a cerveja, mas é que era muito boa!) ou um café com marzipã, vá ao ultra-instagramável mirante Kohtuotsa. É lá que fica o grafite do “The Times we had”, que é praticamente uma atração turística. E também é o ponto favorito da super amigável gaivota Steven the Seagull.

Grafite The Times we had em Tallinn
Horas esperando ficar vazio, mas valeu a pena…

Informações práticas

Dá para conhecer os principais pontos de Old Town em um dia. Além disso, tem um desses walking tour que você dá gorjeta para o guia no final que super vale a pena. Sai ao meio-dia, da frente do Tallinn Tourist Information, em Old Town. Os hotéis são um pouco mais baratos que em outras cidades europeias. Já os hosteis são super baratos (e bem roots…). O aeroporto de Tallinn fica a uns 4 km do centro da cidade. Existe um tram (o número 4) que vai até o centro da cidade. A passagem custa € 2 e você paga direto para o motorista. Como em outras cidades europeias, fica mais barato se comprar antes pela internet ou aplicativo. Mas como precisa usar o cartão de crédito para isso, acaba não compensando (tentar explicar IOF para o recepcionista do hotel foi uma aventura em si…).

Mas a maioria das pessoas visita Tallinn como “passeio de um dia” a partir de Helsinque, na Finlândia. Isso porque dá para ir de uma cidade a outra com uma balsa que leva duas horas para atravessar o golfo. Por isso, você vai encontrar muitos turistas que compraram a ida o mais cedo e a volta o mais tarde possível. Quatro companhias fazem o trajeto: Viking Line, Tallink, Linda Line (em alguns meses do ano) e Eckerö Line.

Steven the Seagull, em Tallin, na Estônia
Cidade portuária tem gaivotas. Tallinn tem #SteventheSeagull

A Revolução Cantada

Eu não podia terminar esse texto sem contar a história incrível da independência da Estônia. O país completou 100 anos de independência do Império Russo em 2018. Mas a história deles é cheia de ocupações e invasões. A Estônia fez parte da União Soviética, mas, junto com a Letônia e a Lituânia, fez uma manifestação pela independência, que ganhou o nome de Revolução Cantada. Isso porque várias músicas eram proibidas, e o protesto era insistir em cantá-las.

Em agosto de 1989, dois milhões de pessoas formaram uma corrente de mãos dadas desde Tallinn até Vilnius, capital da Lituânia. Conhecida como “Baltic Way”, a corrente atravessou três países! Eu fiquei chocada de nunca ter ouvido falar disso no colégio. Talvez porque aconteceu dois meses antes da queda do muro de Berlim. Os estonianos são reservados, mas bastante educados e amigáveis. Também, com uma história dessa, como não gostar deles?