Tá a fim de cruzar o Atlântico, mas não tem muito tempo pra uma viagem longa na Europa? Que tal, então, focar em um roteiro de 10 dias em Portugal?

Foi exatamente o que fizemos recentemente aproveitando umas miniférias do trabalho e desbravando um pouco dessa terra tão rica de cultura e de lugares incríveis. Vai dar pra conhecer o país inteiro nesse tempo? Não, não vai. Mas você vai conseguir aproveitar bastante (e com calma) as nossas dicas.

Lisboa vista de cima

Dia 1 – vá de Lisboa para Porto

Vamos imaginar que você chegará num voo bem cedo em Lisboa. Após resolver os trâmites de imigração e bagagem, seja bem-vindo à capital portuguesa! Mas a ideia desse roteiro de dez dias em Portugal é você já partir para o norte do país com destino a Porto.

Do aeroporto mesmo, pegue o metrô na estação chamada Aeroporto (ah, vá! Kkk) até a estação Oriente. O trajeto fica na mesma linha, a vermelha, e serão só uns 7 minutos de deslocamento (3 paradas). É muito perto e barato, custa €1,80 e você pode pagar direto na catraca aproximando seu cartão (celular ou relógio também funcionam).

Ao sair do metrô na estação Oriente, aproxime novamente seu cartão da catraca e vá até o piso superior, para pegar os trens (chamados de Comboios em Portugal) que vão te levar até Porto. São vários horários (e valores) todos os dias ligando as duas cidades, consulte todos aqui.

Chegando a Porto e o check-in no hotel

O trajeto de trem demora de 3 a 4 horas. Você chegará a Porto no começo da tarde, por isso, já faça seu check-in – nosso hotel ficava ao lado da estação São Bento, onde desembarcamos.

Estação São Bento, Porto, Portugal
A belíssima estação São Bento

Vale lembrar que Uber também funciona bem em Portugal e não é caro. Há, ainda, o Bolt, outro app de transporte privado igual Uber e 99.

Depois de deixar suas coisas no hotel e se recuperar do voo, vá até Nova Vila de Gaia, que fica do outro lado do rio Douro e reúne muitos restaurantes e adegas, escolha alguma para almoçar (recomendo o Taberninha do Manel). Depois, caminhe pela margem e desbrave o Mercado Beira Rio ao lado e tome os mais variados tipos de vinho do Porto.

Então, volte para o outro lado do rio, passando pela ponte D. Luís I. E já aproveite para subir as ladeiras usando o funicular e apreciando a vista.

Aproveite esse primeiro dia para desbravar a Avenida Santa Catarina e ver suas lojas e seu movimento intenso de turistas e locais.

Dia 2 – conhecendo Porto e suas ladeiras

Nesse dia, acorde cedo, tome um café gostoso e prepare as pernas pra subir e descer as ladeiras da cidade. Comece o dia indo até a torre dos Clérigos, construção do século XVIII, conheça a igreja e compre o ingresso pra subir até o topo da torre. Mas atenção, são muitas escadas, 240 degraus até o topo e muitas vezes a passagem é bem estreita. Avalie antes de ir.

Apesar do esforço, a vista lá de cima vai compensar bastante.

Logo na sequência, na disposição ainda pra caminhar, desbrave os entornos da Torre dos Clérigos e vá andando por uns 10 minutos até a Sé do Porto, igreja linda e também com um mirante no topo.

Lembre-se que caminhar pelo Porto pode cansar bastante, já que a cidade tem muitas ladeiras e escadarias. Se preferir, opte por ônibus ou por motoristas por aplicativo.

Após curtir a Sé, vá descendo em direção ao Cais da Ribeira, a área beira-rio Douro do lado do Porto. Ali, também tem muita opção de restaurantes e bares (mas preferi os do outro lado, em Nova Vila de Gaia).

Em seguida, atravesse a ponte D. Luís I e escolha uma das adegas que estão em quase toda a margem oposta, em Nova Vila de Gaia. Faça o tour pra conhecer como os vinhos do Porto são produzidos, armazenados e, claro, aproveite para degustá-los no fim da experiência.

Desta vez, nós conhecemos a Cálem. Mas já relatamos, aqui, como é a experiência na Casa Ramos Pinto.

Onde comer

Depois, almoce ali perto, em uma das duas margens do Douro. Ou, volte para a região central do Porto e conheça o grande Mercado do Bolhão, que tem várias opções para o almoço.

A sobremesa e o café podem ser ao lado dele, na Manteigaria, um dos lugares referência quando o assunto é o pastel de nata português.

Se curtir visitar livrarias icônicas, vá até a Lello. Ela é considerada a mais bonita do mundo, mas confesso que não achei. Você verá uma fila na porta de turistas com ingressos já comprados on-line pra visita à livraria com hora marcada. Custa €8 apenas pra entrar!

Escada icônica na livraria Lello

Para fechar o dia e curtir o pôr do sol em grande estilo, caminhe poucos metros e vá até o bar Base, ao lado da Torre dos Clérigos. O lugar é uma delícia, um bar ao ar livre, com gramado e mesinhas pra você se esticar e pedir um drink. Se for primavera ou verão, pode apostar que estará lotado e vale a espera.

Como jantar, sugiro que você coma a francesinha, famoso sanduíche do Porto, com linguiça, ovo, presunto, queijo, molho e batata frita, no Café Santiago.

Dia 3 – uma bate e volta até Aveiro

Aveiro está a mais ou menos 1h de trem da estação São Bento, no Porto. Compre sua passagem na estação mesmo.

A cidade é conhecida como a Veneza portuguesa por causa dos seus canais e é toda bonita, enfim, parece uma cidade cenográfica. Ao chegar, já pegue um Uber para a Praia da Costa Nova, no município vizinho de Ílhavo (tem ônibus também até lá, mas se você estiver em duas pessoas ou mais, vale a pena o carro por app).

Lá, ficam as famosas casas coloridas à beira-mar, num calçadão gostoso para um passeio. Elas foram pintadas desse jeito para que os pescadores pudessem reconhecê-las de longe, em meio à névoa, quando estavam em alto-mar. Ali perto, almoçamos no restaurante Bronze, do outro lado da costa.

Depois, voltamos para o centro de Aveiro, onde é possível fazer o passeio pelas famosas salinas da cidade e também pelos canais, nos barquinhos. É bom caminhar pelas ruas que margeiam os riozinhos e ir até a Peixinho, doceria onde os famosos ovos moles de Aveiro foram criados.

Os famosos doces: ovos moles de Aveiro

No caminho de volta para a estação de trem, passe pelo Cais da Fonte Nova e aprecie o parque que fica ali perto. Então, é hora de voltar a Porto de trem.

Na chegada, na estação São Bento mesmo, conheça o Time Out Market, que inaugurou em maio de 2024. São mais de dez opções de restaurantes e cafés, com mesas internas e externas. E também um restaurante panorâmico, com uma vista incrível e boas opções de drinks e comidas.

Dia 4 – indo do Porto para Lisboa

Acorde cedo, tome café da manhã na Esquires Coffee e pegue o trem da estação São Bento com destino à estação Oriente, em Lisboa. A viagem dura umas 3h. (Também há opções mais baratas, como ônibus da Flix Bus).

Ao chegar, aproveite para fazer seu check-in e, depois, vá desbravar a região do Parque das Nações. Então, coma uma “sequência de bacalhaus” no delicioso D’Bacalhau. Eles servem quatro tipos de pratos com o peixe como protagonista por um valor específico: à Brás, às Natas, do chef Júlio e à lagareiro. Todos incríveis.

Termine o dia bebendo uma ginja, licor tradicional português feito de um fruto que lembra cereja, no A Ginjinha. Ali perto, veja o pôr do sol e curta mais drinks no rooftop do hotel Mundial, no bairro Mouraria. A vista é inacreditável e você verá pontos lisboetas importantes como o Castelo de São Jorge e parte do bairro de Alfama.

Dia 5 – Lisboa

Chegou a hora de desbravar uma das áreas mais visitadas da cidade: os entornos da Praça do Comércio, atravesse o Arco da Rua Augusta e caminhe pelo calçadão dessa rua cheia de movimento. Aproveite para comer sorvetes de sabores inusitados, como morango com azeitona ou pistache com alecrim, na Bizzarro Gelato.

Depois, pegue o elevador de Santa Justa para acessar a parte mais alta e desbrave o bairro do Carmo.

Logo em seguida, visite a Igreja de Santo Antônio, o Largo da Sé e sua igreja, caminhe até o Miradouro Santa Luzia, coma pasteis de nata e bolinhos de bacalhau no Mercado da Ribeira.

A agradável rua de São Paulo, em Lisboa

Termine o dia curtindo um dos vários restaurantes agradáveis, com mesas nas calçadas, da Rua de São Paulo.

Dia 6 – Lisboa

Logo ao acordar, já se planeje para ir à área de Belém. Não há metrô até lá, mas você pode pegar ônibus ou o elétrico número 15. Antes de mais nada, compre seu ingresso on-line (custa €12 – valor em junho de 2024) para visitar o Mosteiro dos Jerónimos e evitar filas.

DICA IMPORTANTE:

O Mosteiro não abre para visitação às segundas-feiras. Então, se este dia do seu roteiro cair numa segunda, basta inverter a programação com o dia anterior para não perder a viagem, ok?

Você verá duas filas de entrada quando olhar o Mosteiro de frente. A que fica à sua esquerda é a para visitação do interior do Mosteiro dos Jerónimos. A que está à sua direita, é para entrar na Igreja – esta é de graça.

Já contamos, aqui, como é a visita ao Mosteiro.

Após as visitas, vá caminhando por alguns minutos até o monumento do Padrão dos Descobrimentos, à beira do rio Tejo. E, em seguida, caminhe mais um pouco, admirando a paisagem, até chegar à Torre de Belém. Também dá para entrar na Torre (custa a partir de €8).

Agora uma das visitas mais importantes: volte todo o caminho e pare, pertinho do Mosteiro, para tomar um café no local onde estão os pastéis de Belém originais. A famosa cafeteria de toldo azul oferece a opção de comprar os pastéis e levar para comer fora (costuma ter uma fila rápida), ou entrar e tomar café sentado no seu imenso salão (esta fila costuma demorar um pouco mais, mas vale a pena). Prove, além dos pastéis, outro doce, o Toucinho do Céu. É divino! (risos)

Na volta deste passeio por Belém, que tal uma parada na LX Factory? É um espaço comercial e artístico, com mais de 50 lojas e restaurantes, para você descansar depois do seu dia de longas caminhadas.

Dia 7 – bate e volta até Sintra

Primeiramente, planeje-se para acordar cedo nesse dia e vá de comboio em direção à linda cidade de Sintra. Ela fica a uma hora de Lisboa. No trajeto, se ainda não comprou seu ingresso para visitar o mais importante castelo de lá, o Palácio da Pena, aproveite para fazer isso nesse link. Mas recomendo comprar com uns dois dias de antecedência, ainda mais durante o verão europeu.

A visita ao Palácio só é possível com hora marcada. Por isso, escolha seu horário já contando, pelo menos, umas duas horas após a sua chegada em Sintra para conseguir fazer tudo com calma.

Assim que desembarcar na estação, aproveite para tomar um café e comer as tradicionais e originais queijadas da Sapa, um doce delicioso com sabor leve de canela. Depois, pegue um Uber (isso mesmo) para subir até o Palácio. Sim, é melhor ir de carro porque a subida é brava, mas também dá para ir a pé se tiver pique.

Você poderá entrar antes do horário marcado no seu ingresso para desbravar o imenso jardim do Palácio da Pena. Mas a entrada na estrutura do castelo só será permitida quando der a hora do tíquete, ok?

Quando terminar a visita, desça novamente para o centrinho da cidade e caminhe por suas ladeiras e escadarias, conhecendo tudo. Para almoçar, recomendo o delicioso Bacalhau na Vila, restaurante aconchegante e com um pastel de nata na versão salgada, com recheio de bacalhau. É maravilhoso!

Ainda em Sintra, também conheça a Quinta da Regaleira, outro castelo incrível onde fica o Poço Iniciático, uma incrível estrutura de 27 metros de profundidade.

Na volta a Lisboa, aproveite para descer na estação Entrecampos e escolher um dos restaurantes que ficam nas redondezas do charmoso e bem local Bairro do Rêgo.

Dia 8 – Lisboa ou Cascais?

No seu penúltimo dia inteiro na capital portuguesa, você pode escolher entre desbravá-la um pouco mais, ou fazer um bate e volta para outro destino muito procurado e ali pertinho: Cascais.

Mas, caso prefira ficar em Lisboa, aproveite esse dia para passear pelo Chiado. Antes de mais nada, saiba que o bairro é um centro cultural e teatral da cidade. É repleto de teatros, bares, restaurantes, lojas… uma delícia para passear e desbravar a pé (atenção para as ladeiras de sempre kkk).

Ali, também fica a livraria mais antiga do mundo em funcionamento, a Bertrand. A poucos metros dela, fica a famosa estátua de Fernando Pessoa, perto da Basílica de Nossa Senhora dos Mártires.

Para ver o pôr do sol, vá até Alfama, ali perto, e descole uma mesa no agradável Chapitô à Mesa (peça a bochecha de boi e me agradeça depois), que tem uma vista incrível do rio Tejo.

Então, caminhe pelas ruas da seguindo em direção ao Bairro Alto: lugar boêmio, cheio de ruazinhas com bares e pubs animados. A juventude curte beber ao ar livre, no meio da rua mesmo. Finalize sua noite por ali.

Dia 9 – Lisboa

Seu último dia inteiro em Lisboa pode começar com uma ida até o Museu Nacional do Azulejo, objetos que são símbolo de Portugal. Logo depois, no caminho de volta, aproveite para conhecer o Castelo de São Jorge. O espaço da visita são as ruínas, que te oferecem uma das vistas mais incríveis da cidade. A entrada custa €10.

Na sequência, vale dar uma passada para ver o belo Panteão Nacional e fazer um aeróbico subindo e descendo as íngremes ladeiras do bairro Glória/Alfama. Uma dica de almoço ali perto é comer no delicioso Tabernita. O dono, seu Manoel, é uma simpatia. Peça a salada de polvo, é uma maravilha, principalmente nos dias quentes.

Se esse dia cair numa terça-feira ou num sábado, aproveite para visitar a Feira da Ladra, no Largo de Santa Clara. Esta é uma das mais antigas feiras de Lisboa, que reúne 500 barracas que vendem de tudo.

Onde ver o último pôr do sol

À medida que a tarde for passando, siga em direção ao Cais do Sodré, passe no mercado dentro da estação e pegue bebidas e guloseimas para um pique-nique. Logo em seguida, compre uma passagem de balsa para Cacilhas (custa €1,50 cada trecho). Então, prepare-se para ver o pôr do sol de outra perspectiva: do outro lado do rio Tejo.

Ao chegar do outro lado, após oito minutos de travessia, você já estará em Almada – cidade da grande Lisboa. Ao descer da estação, você pode ir reto e parar para relaxar em um dos bares de um gostoso calçadão. Ou, se virar à direita, caminhe por alguns minutos margeando o rio até o elevador da Boca do Vento.

Ali, há um gramado. Sente-se, estenda sua toalha, acomode suas guloseimas, seu vinho, e curta o sol se pôr de uma vista privilegiada com a Ponte 25 de abril logo à frente.

Sua última noite em Lisboa pode terminar com um jantar no restaurante Ponto Final ali do lado. Mas atenção: é importante reservar com antecedência.

Logo após pegar a balsa para retornar ao lado de Lisboa, saindo do Cais do Sodré, aproveite para conhecer a famosa Pink Street: rua pintada de rosa cheia de bares, baladas e restaurantes. É bem agitada.

Dia 10 – volta ao Brasil

Se seu voo for logo cedo, como foi o nosso, mal dará tempo de curtir mais alguma atração em Lisboa. Aí é só fazer o check-out e se despedir desse lugar incrível.

Mas, enfim, se o retorno ao Brasil só for após o almoço ou à noite, ainda dá para aproveitar as últimas horas para retornar à área da Praça do Comércio. Ali, dá pra conhecer o Lisboa Story Centre, o Museu do Dinheiro e visitar a Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, recheado com queijo da Serra da Estrela.

Vai ser uma forma incrível de encerrar sua passagem por esse país tão incrível e levar um pouco do gostinho de Portugal na memória.